sábado, 15 de março de 2008

Bichos virtuais.

Acho doentio o comportamento de quem trata animais como seres humanos. Tive experiências desagradáveis com vizinhos desse tipo em São Paulo. Os caras chamavam cãozinho de "meu bebê", colocavam os bichos na cama, criavam meia dúzia de poodles numa casa de vila e não se importavam de eles fazerem uma barulheira desgraçada, incomodando todos os humanos do quarteirão.

Em Ilhabella, o problema é com o turista que leva cachorro para passear na praia. Tenha dó. Além de ilegal, isso gera um enorme problema de saúde pública. A criançada da ilha tem muito mais doenças de pele do que os paulistanos, por conta de urina e fezes que esses animais deixam na areia.

O Astor e a Naná, meus pastores alemães, ganham bastante carinho de toda a minha família. Mas não entram dentro de casa. E quando incomodam uma visita, ficam presos na área de serviço.

Deveríamos usar bichos virtuais para ensinar os seres humanos a se relacionarem com animais de uma maneira mais equilibrada. Lembro como se fosse hoje a febre do Tomagotchi, em 1996. Um aparelho simples, que simulava as funções básicas de um ser vivo, e colocava em nossas mãos a responsabilidade de alimentá-lo, dar carinho e atenção.

Em dois anos, 40 milhões de unidades foram vendidas em todo o mundo. Seu criador, Aki Maita, fez do conceito de virtual pet uma coisa popular. [...]

Um Tamagotchi tem a forma de um pequeno ovo plástico, com uma tela de cristal líquido em preto-e-branco. Possui três botões, pelos quais é possível interagir com o bichinho.

Quando a gente liga um Tamagotchi pela primeira vez, um pequeno ovo aparece na tela. Em um minuto, a casca começa a rachar, e aparece uma pequena criatura. Apertando os botõezinhos, a gente alimenta o Tamagotchi, brinca com ele, limpa sua casinha ou dá remédio quando ele fica doente. Os botões também permitem checar sua idade, peso, fome, nível saúde e caráter. [...]

Se tudo isso era possível para um ovinho de plástico vendido por cerca de US$10 há 9 anos, vocês podem imaginar o que está rolando hoje? Um cachorro robô Aibo, da Sony, vendido hoje por US$1.8 mil, tem milhares de nuances de personalidade. E ainda pode mudar o canal de TV, entender nossos comandos de voz ou funcionar como webcam sem fio, vigiando nossa casa.

Um Aibo ainda não pode me dar o carinho que recebo do Astor e da Naná. Mas em poucos anos a tecnologia vai nos colocar diante de seres cibernéticos capazes de desafiar nossa inteligência e confundir nosso .

Ricardo Anderáos.


Um comentário:

jamilesuzie disse...

Concordo com o autor quando ele sugere que tratar bicho como gente pode ser negativo. Concordo, pelo simples fato de que devemos respeitar a natureza dos não-humanos, pelo bem-estar deles. Só por isso. Mas, que história é essa de comparar bicho com Tamagotchi?? Por acaso este senhor nunca ouviu falar que bicho não é brinquedo?? Outra coisa, se o "dono" do animalzinho o leva à praia e não o educa pra que não faça suas necessidades na areia, este ser(humano) é que é errado. Quanto às doenças transmitidas por cães, se o bicho for vacinado e vermifugado não transmite doença nenhuma. Além do mais, se as prefeituras cuidassem dos cães e gatos que vivem nas ruas, pelo menos fizessem mais campanhas no que diz respeito à posse responsável, cobrassem mais também , esses bichinhos não seriam animais errantes, não ficariam doentes e, consequentemente, não ofereceriam perigo a nós, seres humanos.